Entrevista com o médico pediatra e nutricionista Dr Júnior

7 de Maio de 2019, às 16h03

O entrevistado de hoje, é o médico pediatra e nutricionista há 33 anos, pós graduando em Atenção Integral à Saúde pela faculdade da UNIMED,  José Ribeiro de Farias Júnior, mas conhecido por Dr. Júnior. Na sua correria de plantões, entre um e outro, parou para ceder entrevista ao Blog Saúde Coletiva. Se dizendo apaixonado pela Saúde Coletiva, Dr. Júnior trouxe sua larga experiência para compartilhar conosco.

 

BSC. Qual a sua análise sobre o papel da Saúde Coletiva na medicina?

 

A atenção essencial à saúde baseada em tecnologia e métodos práticos, cientificamente comprovados e socialmente aceitáveis, tornados universalmente acessíveis para eles e a um custo que tanto a comunidade como o país possa arcar em cada estágio de seu desenvolvimento, um espírito de  autoconfiança e autodeterminação.  É a parte integral do sistema de saúde do país, do qual é função central, sendo o enfoque principal do desenvolvimento social e  econômico global da comunidade.  É o primeiro nível de contato dos indivíduos, da  família  e da comunidade com o Sistema Nacional de Saúde, levando a Atenção à Saúde o mais próximo possível do local onde as pessoas vivem e trabalham, constituindo o primeiro elemento de um processo de Atenção Continuada à Saúde. À Saúde Coletiva começou a ser formatada e estruturada a partir da visão e do  relatório Dawson. Hoje, grande parte da Saúde Pública Mundial, tem seguido seus princípios. Seus atributos essenciais são: Acessibilidade; Longitudinalidade; Coordenação de Cuidados e Integralidade. Busca colocar as pessoas no centro da atenção à saúde.  Proporcionar direito à saúde, maximizar equidade e solidariedade, e capacidade de resposta às necessidades das pessoas. Até a escola Americana, hospitalocêntrica, sempre muito influenciada pelo Relatório Flexner, tem cedido, as vantagens da visão e resultados da visão Dawsoniana.

 

BSC. Como você percebe a atuação da Saúde Coletiva no âmbito público e privado?

 

Na realidade à Saúde Coletiva no setor público  já está consolidada e trouxe grandes ganhos a partir de sua implantação na década de 90. Hoje sofre dos males culturais e políticos (corrupção que reduz os recursos e poder de resolutividade). Mas a grande novidade no país, é o despertar da Saúde Privada, para este modelo assistencial. Pois ao mesmo tempo que aumenta cuidado com o cidadão criando uma relação mais humana e sensível,  viabiliza a sustentabilidade financeira para poder continuar crescendo numa parcela importante da população. Com certeza, essa visão da saúde suplementar irá influenciar positivamente para um novo olhar dos gestores públicos para a valorização daquilo que já foi implantado a mais tempo. E precisa ser a essência do sistema de saúde pública do país. Que precisa ser controlada verdadeiramente a partir da Atenção Primária de Saúde. Com todos os mecanismos possíveis de controle.

 

 BSC. Qual a principal diferença da  Saúde Coletiva Pública para a Saúde Coletiva Suplementar?

 

Na realidade,  a visão conceitual é a mesma. No entanto, vejo um pragmatismo do setor privado, após análises de  resultados, de comparações internacionais de modelos assistenciais devido aos indicadores de qualidade do cuidado assistencial com um custo razoável (racional) dos recursos financeiros que financiam os sistemas de saúde. Os recursos são limitados e o modelo que mais resultados alcança, tem a escolha de quem financia. Entendo que o privado é muito mais ágil e eficiente. Sempre amparado  em todos os suportes científicos e tecnológicos disponíveis mundialmente.

 

BSC. Na prática, como a Saúde Coletiva está inserida na pediatria? Quais as principais ações de promoção e  prevenção à saúde das crianças?

 

A pediatria é baseada fundamentalmente na Atenção Primária de Saúde. Todas as suas ações e princípios visam uma coordenação de cuidado eficiente e permanente da criança. Desde a gestação, a consulta com o pediatra, já direciona informações para o parto, desenvolvimento do recém-nascido, lactentes e uma infância de qualidade em todos os aspectos da vida.  Passando pela vacinação, alimentação do primeiro ano de vida e acompanhamento do desenvolvimento neuropsicomotor e aprendizagem. Como também a triagem de doenças congênitas que precisam de diagnóstico precoce, para um bom prognóstico e qualidade de vida. Toda a base do desenvolvimento do indivíduo é acompanhado de perto e influenciado pela ação da pediatria. A vacinação realmente é uma ação preventiva multigeracional  e de abrangência universal. Pena que tem se consolidado um pequeno grupo de resistência a uma política tão importante e necessária.

 

BSC. À Saúde Coletiva atualmente ocorre de forma interdisciplinar junto com a equipe multiprofissional, almeja-se portanto, uma atuação transdisciplinar com trocas de saberes e discussões de casos clínicos mais constantes. Qual a sua opinião sobre  a clínica ampliada e do atendimento compartilhado?

 

 À Saúde Coletiva pública tem avançado, muito mais, no meu entender, dentro de uma visão multidisciplinar. A presença de todos os profissionais de saúde, trabalhando em conjunto, aumenta o poder de resolutividade das demandas da sociedade. No entanto, existe um custo alto para essa interação e integração. Ao mesmo tempo que o trabalho compartilhado tem ainda muitos entraves culturais e sociais. Essas barreiras estão sendo quebradas. No setor privado, há uma limitação dessa ampliação. Há uma visão muito forte que o médico e o enfermeiro são suficientes para um atendimento adequado à princípio. Mas se há condições econômicas favoráveis, os demais profissionais vão sendo incorporados sem nenhum problema.

 

BSC. Você acredita que o modelo assistencial hospitalocêntrico, ainda em voga no cenário da saúde, é um entrave para a disseminação da Saúde Coletiva?

 

O modelo Flexneriano baseado em especialidades e  hospitalcêntrico, durante muito tempo foi consolidado na nossa formação acadêmica.  A mudança de paradigma está acontecendo pela análise global dos sistemas mais eficientes de saúde.  A iniciativa privada está tomando a frente para gerar essa reflexão na classe médica e iniciando a capacitação dos profissionais antigos e novos para o mercado privado que já decidiu investir neste modelo assistencial de uma forma irreversível.

 

 

 

 

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